02 janeiro 2007

DOS CONTOS BREGAS OU DAQUILO QUE MUITOS GOSTARIAM DE ESCREVER MAS O RACIOCÍNIO NÃO PERMITE


Na seara de Nelson Rodrigues, uma escola para Paulo Coelho e aplausos para Thiago de Góes - Acabei de receber o livro Contos Brega, de Thiago de Góes. Confesso que fui pego de surpresa pela beleza que envolve a capa e o conteúdo do livro. É um conjunto de coisas boas, dessas que aparece uma vez, quando muito, duas vezes na vida. Sei quase nada sobre o autor, exceto, que mantém um blog na rede sobre música, que leva o mesmo nome do livro. Sei ainda, que se trata de boa gente e é excelente jornalista. Seus textos atestam minhas garbosas palavras. O livro chegou sem dedicatória (falha reparada na semana seguinte, quando o autor me enviou mais um exemplar, agora autografado) ou qualquer escrito anexado. Chegou somente. E desde já, minha terça-feira transformou-se num fim-de-semana em fortaleza, de frente para a praia de Iracema. Depois de apreciar a arte da capa, ri com suas idéias, imaginando o processo criativo do autor. Falcão, brega de fato, é quem faz a apresentação da obra de Thiago de Góes. De cara ele recomenda ao afoito leitor, que se ajeite na rede (de dormir) ladeado por cachaça e discos. Não segui a risca, as recomendações de Falcão. Estaria contrariando a mim mesmo se o obedecesse. Apesar de ter a “radiola”, os discos e um vinho há dois anos na geladeira. Guardado pra nada mesmo, foi presente. Voltando ao livro. Fui ao índice a fim de me inteirar das músicas selecionadas que servem de partida para os contos de Thiago. Reconheci todas. Minha curiosidade atropelou a coerência, me fazendo ir direto para o conto sobre Eu Vou Tirar Você Desse Lugar (Odair José). Mais uma vez, surpresa na cachola. Engoli com os olhos saciando ao mesmo tempo minha paixão por leitura, principalmente de novos escritores. Reli com acuidade o mesmo conto. Parei um pouco, me imaginando no lugar do jornalista Osair. Não tive dúvidas, faria o mesmo, mas não seguiria para o Acre, fincaria os pés na Argentina. Thiago escreve um texto rutilante, surpreendendo a cada parágrafo. Não tem medo do desfecho que escolhe para seus personagens, chegando mesmo a matá-los sem piedade noutros contos. A riqueza de detalhes usada para falar de coisas simples do cotidiano, nos remete a simplicidade culta de Nelson Rodrigues, quando rasga nos seus textos, as tripas dos personagens suburbanos do Rio de Janeiro. Na semelhante estrada, caminha Thiago de Góes envenenado pela sede de imprimir seus escritos na tábua de carne do leitor de íris fixa. Li o livro todo em três horas, o que não quer dizer, que ficará sentando ácaros na estante. Contrário disso. Lerei sozinho semanalmente e nos fins de semanas descansará tranqüilo (?) nas mãos de algum amigo, que como eu, devora palavras e bebe letras. Se ainda espirrasse nosso querido Nelson Rodrigues, mandaria um recado desaforado ao presidente da Academia Brasileira de Letras mais ou menos assim: Prezado. Não obstante aos inúmeros convites, aos quais convictamente recusei todos, faço-lhe uma recomendação e nela inserida um pedido. Que dispense Paulo Coelho e dê assento a Thiago de Góes, homem ainda moço, mas que sabe das letras e escreve como um computador às avessas. Centrado na certeza de que o colega me atenderá, me despeço fazendo mais um pedido: que me convide para tomar com os senhores o chá das cinco na posse do jovem. Do amigo convicto N. Rodrigues.
BARTÔ GALENO LER O CONTO INSPIRADO EM “NO TOCA FITA DO MEU CARRO” E RECOMENDA O LIVRO EMOCIONADO

A fim de enriquecer minha pesquisa com os grandes cantores da musica popular do Brasil, havia agendado uma entrevista com o fenomenal Bartô Galeno no seu apartamento do Rio, aproveitando a ocasião, levei o livro para ele ver e ler. Ao folhear o amarelinho, Bartô se deparou com a seleção de pérolas, apontando para sua música que faz parte do livro. Leu e em seguida foi tecendo comentários: “Muito bom. Fico feliz por minhas composições servirem de inspiração para contos como este, tão bem escrito. Fico mais feliz ainda, por saber que foi um jovem que escreveu. Parabéns”. O meu encontro com Bartô estava marcado para as nove horas da manhã, mas achei melhor chegar as dez. Sabe como é né? Período natalino, o povo come, bebe e acaba dormindo um pouco mais. Enganei-me por inteiro. O homem acorda cedo e leva à risca seus compromissos. Desculpei-me pelo atraso, enquanto tirava o kit da bolsa e começamos a conversa que durou o dia todo. Sai de lá conhecendo mais sobre a carreira de um artista amado pelo povo, que em 35 anos de carreira, nunca faltou com o compromisso de se apresentar aos shows agendados. Horas de conversas, renderam fitas e fatos para contar pra história. Aprendi com Bartô e sua maravilhosa família.

4 comentários:

Anônimo disse...

Fiquei emocionado. Muito obrigado por suas palavras elogiosas. Fico feliz que você e Bartô Galeno tenham gostado dos Contos Bregas. A parte da carta de Nelson Rodrigues foi muito emocionante, mas eu não mereço tanto.
Abraços,
Thiago de Góes

Anônimo disse...

ôpa!
tô lendo o contos bregas e é um projeto muito bom!
o link me foi passado pelo thiago e já sou freguês, só falta a entrevista com o bartô galeno, na integra.

a propósito, tenho em meu blog alguns artigos sobre brega, vai ai o link de um deles:

http://bazevedo.blogspot.com/2006/11/obsesso-e-morte-em-odair-jos-e-z-do.html

use!
um abraço

Anônimo disse...

Parabéns, pela excelente reportagem com a cantora Bianca. Há tempos, procuro algo a respeito desta, que fez parte de minha adolescência e nos movia com ideais tão concretos e sugestivos.
Não consigo nada dela, seguer as músicas. Tenho apenas em vinil, mas quero muito possuir um CD com suas músicas. Não acredito que tenha desaparecido rumo ao nada. Tenho plena certeza de que brevemente teremos uma entrevista espetacular com ela. Obrigada. Eva Maria de Santa Cruz do Rio Pardo

Anônimo disse...

PARA CONTRATAR O SHOW DE BARTÔ GALENO LIGUE: (21) 8668-0623 / 2558-5191 - (91) 8170-4640. Falar com Naldo Kleber

Relembre a estreia de Ricardo Braga e a opiniäo de Roberto Carlos em 28/05/1978

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Mate a saudade de Nara Leao cantando Além do Horizonte em 1978

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CLA BRASIL E MARINÊS

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