08 janeiro 2008

PILOMBETAS, PIGMEUS E POETASTROS, VERTERAM PSICODELIA NOS NEGROS ANOS 70.



DE NELSON NED A ERNESTO NAZARÉ, DE SÉRGIO REIS A VINÍCIUS DE MORAES, TUDO PASSARÁ. SÓ A MÚSICA É ETERNA (os rótulos também ficam)
Os anos 70, que tantos artistas fez brotar, revelaram nomes impossíveis de serem contados como esquecidos. Embora muitos já tivessem uma história iniciada nos tenebrosos anos 60, o néon que projetava anônimo ao estrelato, só deus as caras, de fato, no início da década de 70. Nilton César, Paulo Sérgio, Márcio Greyck e Antonio Marcos, são artistas lançados nos anos 60, mas que só tiveram reconhecimento popular a partir dá década de 70. Cada qual já contava, com no mínimo, um sucesso no currículo artístico. Teve menos sorte quem foi escolhido pela sua gravadora para estrear após 1968, e antes de 1970, além de se ver obrigado a triunfar sobre a persistente jovem guarda, esbarrou na poesia de Caetano, e nos parangolés que vestiam os cabeludos do movimento Tropicália. Por mais que se cantassem o verde do coqueiro, a brisa da praia-mar, ou os olhos da mulata, perdiam sempre para os traços lânguidos da coca-cola azul dos universitários. Perdiam, vírgula, pois ao manifestar-se o público nordestino comprando e ouvindo os discos, daqueles que logo foram tachados de turma da “cafonália”, revelou-se então, o tesouro financeiro que custearia os experimentos dos malucos tropicais. Caetano, Gil, Gal e Bethânia, mais Jorge Bem (antes do Benjor), e quem quer que fosse, não poderiam ir além da inovação, se não tivessem por trás, lhes sustentando, a máquina acelerada prensando milhares de discos de Evaldo Braga e Odair José, juntamente com outros grandes vendedores de discos. As cinco mil cópias de discos do Caetano, ou os três mil discos de Gil, não davam lucros à empresa, eram bancados pela quantidade astronômica de um milhão de cópias, que Odair José vendia pela Phonogram (selo Polydor). Como se não bastasse o lucro exorbitante que Odair dava à gravadora, o ídolo negro Evaldo Braga, da mesma Phonogram, estourava geral, vendendo discos no Rio, em São Paulo e nos demais estados da confederação. As oportunidades que tiveram na Phillips, de permanecerem lutando para que o povo ouvisse suas músicas nos primeiros anos da década de 70, Caetano, Gil e outros semelhantes, devem, principalmente a Odair José e Evaldo Braga.
PRISÃO E ROMANCE NA MÚSICA POPULAR
Diana, Carmem Silva, Márcio Greyck, Lindomar Castilho, Paulo Sérgio, Odair José, Evaldo Braga e outro gigante do disco, chamado pelo nome de Nelson Ned, são os verdadeiros desbravadores da música popular do Brasil. Porque Brigamos, Adeus Solidão, Impossível Acreditar Que Perdi Você, Ébrio de Amor, Última Canção, Vou Tirar Você Desse Lugar, Sorria, Sorria, e Tudo Passará, são músicas que o Brasil inteiro cantou durante os primeiros anos da década. Infelizmente, Caetano e Gil, não estavam no Brasil, não puderam ouvir a voz do Brasil. Como gênio que é (acho que já foi mais, quando falou, e fez coisas relevantes pela cultura popular), tão logo teve oportunidade, convidou Odair José para lhe acompanhar num dueto no evento que a Phillips realizou em 1973 (Phono 73), ao lado do autor da música, cantou Vou Tirar Você Desse Lugar, quero dizer tentou, pois a vaia foi ensurdecedora. Nada de bom para lado algum. Universitários medíocres e parcerias sem graça estimulante para aquele momento.

NELSON NED HOJE FAZ PROPAGANDA DA BOM BRIL, NO PASSADO, LUSTROU DE PRESTÍGIO, A FOSCA MÚSICA BRASILEIRA PELO MUNDO.
Os números do gigante não são sonhos, expressam verdades noticiadas na imprensa mundial. Nelson Ned fulgurou como autêntico autor de sucessos mundialmente conhecidos, e teve seu nome em destaque nas principais fachadas das mais renomadas casas de espetáculos das Américas, da Europa e da África. Pigmeu em estatura, gigante nos feitos e alcance de público. Quando Rita Lee e Paulo Coelho (o shoyo da música popular) compuseram em 1979, a música Arrombou a Festa, erraram na afirmação de que “sucesso no estrangeiro / ainda é Carmen Miranda”, esqueceram de mencionar o Morris Albert, que a essa altura já tinha sua “Fellings” regravada pela diva Sarah Vaughan, e outros totens da canção mundial. Contudo, a pior falha _não digo nem da dupla, mas do Paulo, que já havia colaborado na construção do mito Sidney Magal, e composto para dezenas de cantores populares e que, obviamente sabia do sucesso de Nelson no exterior_ foi esquecer de falar na letra, do fenômeno Nelson Ned. Nem que fosse para dizer: “baixinho no tamanho / mas gigante no talento”. Compreensível, afinal de contas Nelson Ned corria noutra raia, voava, para exemplificar melhor.

DADOS SEM PRECEDENTES NA HISTÓRIA DE UM ARTISTA BRASILEIRO NO EXTERIOR

Para situar o leitor, segue alguns números que coroam a carreira do cantor. Dados referentes ao período entre 1972 e 1974.
Portugal: show no Pavilhão dos Esportes para 8.000 pessoas pagantes.
Portugal: show na cidade do Porto, cantando no Teatro Monumental, com lotação esgotada.
África: show no Teatro Dica, de Lourenço Marques, para dezenas de milhares de pessoas pagantes.
Venezuela: show no Ginásio Maracaibo, cidade de Maracaibo, 40.000 pessoas pagantes.
Colômbia:show na La Media Torta, de Bogotá, para 80.000 pessoas.
Colômbia: em 1973, com a imprensa reunida, recebe o Disco de Ouro como o maior vendedor de discos daquele país.
Estados Unidos: em Miami, o alcaide do condado entrega a Nelson Ned a “Chave de Ouro de Miami City”, na presença de duas mil pessoas.
África: a Imprensa local, entrega a Nelson Ned o Troféu de artista mais popular da África Portuguesa.
Nas apresentações de Nelson Ned, não são apenas os comuns que se esmagam para vê-lo, as autoridades também querem um minuto com seu ídolo. Jimmy Carter, na ocasião em que era presidente da nação mais importante do mundo, exigiu um encontro com o cantor, aproveitando para discorrer sobre os discos de Nelson. Na República Dominicana, o vice-presidente do país, durante a passagem do cantor por lá, reservou na agenda, um dia só para estar com Nelson, recebendo-o oficialmente. No Panamá, seu maior admirador era o general Omar Torrijos, o “homem forte do regime”. Já no Haiti, onde fez apresentações em julho de 1974, o presidente vitalício do país, Baby Doc, assistiu ao show e depois foi cumprimentá-lo no camarim.
Na segunda semana do mês de junho, em 1974, Nelson foi notícia no mundo inteiro e “até no Brasil”. O fato? Lotou por duas vezes, no mesmo dia, o Carnegie Hall de Nova York, o auditório de maior prestígio no mundo. Com ingressos a 5 e 8 dólares, o público em delírio aplaudiu de pé. Para a apresentação, Nelson contratou músicos americanos, e cantou seus grandes sucessos, e ainda contou piadas. O jornalista Hugo Estenssoro, correspondente da revista Veja em Nova York, acompanhou os shows e entrevistou o cantor. Ao perguntar qual a razão de tantos aplausos fora do Brasil? Nelson explicou, categórico: “No exterior, sou estrangeiro.” Nelson falou como artista e como pessoa, reconhecendo o momento de glória oportuna, aproveitando a entrevista para revelar sua conduta diante da vida, e da profissão: “É quinta vez que venho a Nova York desde 1970. mas é a primeira em que me hospedo num hotel de luxo e tenho carro com chofer às minhas ordens. Antes, meus shows mal chegavam a botecos infames onde trabalhava quase de graça”. Enquanto o repórter elaborava outra pergunta, Nelson respondia com o óbvio: “Todos os anõezinhos que eu conheço são condicionados por seu tamanho, terminam no circo. Eu não: nasci armado. Dentro desse meu corpinho existe um diafragma normal. Isso é milagre. Mesmo assim, sou forçado a me superar. Quando tive oportunidade de gravar meu primeiro disco, nenhum compositor importante confiou-me canções originais. Precisei compor minhas próprias músicas. Eu me recuso a traficar com meu defeito”. Como se pode observar, desde cedo Nelson se preparou para enfrentar desafios, sendo ele próprio o maior de todos.
A revista Veja com a matéria, circulou em 26 de junho, de 1974, incluída na seção Show, onde trazia uma crítica da jornalista Maria Helena Dutra, sobre o show do cantor Gilberto Gil, no Teatro Tereza Rachel, no Rio de Janeiro. Entre outras observações, a crítica falou: Gilberto Gil não consegue se comunicar com o mundo. Desorientado, não chegou a completar, no ano passado, um álbum duplo pela Phonogram, sua gravadora. Recusava-se a aceitar como perfeitas, ou sequer acabadas, as experimentações musicais que fazia. Assim, o disco foi adiado e, em seu lugar, Gil gravou um compacto. (...) Sem surpresas, com alongamentos profundamente monótonos e gratuitos, a sucessão de composições mais parece um moto perpétuo que, sem nada acrescentar à pesquisa, liquida com as mais heróicas paciências. (o show durava 3 horas e 15 minutos) (...) Entre tantas alienações e hermetismos, resta a forte esperança de um reencontro de Gilberto Gil com sua poderosa força de criação.(...)
É a dualidade da profissão. Enquanto alguns querem _ou pelos menos deixam transparecer_ ser reconhecidos por intelectuais limitados, compreendidos somente por quem lhes cercam, outros são exaltados pela multidão simplória, mas que faz a indústria do disco andar (não sei até quando, mas ainda é o popular que manda no mercado. Não é mesmo, Ivete Sangalo?).

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente post! Parabéns!
E eu já procurei por todos os cantos do youtube o vídeo de Caetano Veloso e Odair José no Phono 73. Não tem ainda.

Só tem os do gilçberto gil, rita lee e outros de Caetano...

Relembre a estreia de Ricardo Braga e a opiniäo de Roberto Carlos em 28/05/1978

A estreia da cantora Katia em 1978 cantando Tão So

Mate a saudade de Nara Leao cantando Além do Horizonte em 1978

1 em cada 5 Brasileiro preferia o THE FEVERS 26/11/1978

Elizangela canta Pertinho de Você no Fantástico em 1978

Glória Pires e Lauro Corona cantam Joao e Maria

CLA BRASIL E MARINÊS

DOCUMENTÁRIO SOBRE EVALDO BRAGA / 3 PARTES - ASSISTA NA ÍNTEGRA

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