22 maio 2008

ORLANDO DIAS. POUCA ALTURA, VOZ PEQUENA E UM SUCESSO GIGANTE

ORLANDO DIAS, MAS PODE CHAMÁ-LO DE LENDA DO ROMANTISMO POPULAR
Orlando Dias é mais um dos cantores que depois de fazer muito sucesso nos anos 60, 70 e 80, tem seu nome esquecido pelos letrados em música. É por isso, também, e pelo muito que ele fez pela música popular do Brasil, que recebe homenagem _simples, porém dileta_ do blog. Ao lado de Altemar Dutra e Agnaldo Timóteo, Orlando Dias foi seguramente detentor de maior prestígio na gravadora Odeon. Seus discos, sempre esmerados pela produção que os envolviam, estavam entre os mais vendidos do Brasil, ganhando destaque no rádio e na tevê, rendendo fama e prestígio junto ao público que lhe consagrou como um dos maiores intérpretes de boleros. Na década de 60, quando Waldick Soriano, ao lado de Teixeirinha, era estrela da gravadora Chantecler, Orlando Dias disputava fatia importante no mercado, como figura que podia disputar espaço de igual para igual com Waldick. Os dois eram superpopulares, e sempre com manias inusitadas para ganhar manchetes nas revistas especializadas, bem como na extinta Revista do Rádio. Waldick não escondia de ninguém que era “machão”, fazendo uma linha elegante, mas que logo foi interpretada como cafona. Enquanto que Orlando Dias, sem reservas, abria as portas da sua casa para receber a imprensa e mostrar sua coleção de bonecas, o que deixava seus fãs um pouco desapontados.
O nome verdadeiro de Orlando Dias era Adauto José Michiles e com o qual assinou centenas de composições. Não teve filhos, mas seu estilo foi copiado por dezenas de cantores que buscavam inspiração, principalmente, no gênero dramático de interpretar canções que quase sempre retratavam amores fracassados e ciúmes doentios. “Perdoa-me Pelo Bem Que Te Quero”, “Mentiste-me” e “Tenho Ciúmes de Tudo”, são músicas consagradas na voz do cantor pernambucano. Certamente, vivas na memória dos fãs. A canção “Tenho Ciúmes de Tudo”, marco inconteste na carreira do cantor, gravada em 1961, para o jornalista Rodrigo Faour (autor da biografia do cantor Cauby Peixoto) é horrenda. O jornalista, entre “Deus me livre!”, disse ainda, em 2000, que mais de cinco músicas de Orlando Dias, ninguém consegue ouvir. O que é lamentável, no entanto suficientemente compreensível, dado ao gosto pessoal que cada um tem e que deve ser respeitado, afinal, nem todo crítico é como Artur da Távola, que disse para Roberto Dávila: “Deus me fez insuportavelmente eclético. Ouço e gosto de tudo que é música”. A mesma canção, ganhou nos anos 70, uma interpretação pungente do eclético Caetano Veloso, disponível no site youtube, para quem quiser ver, e ouvir.


TENHO CIÚME DE TUDO
Tu és a criatura mais linda /
que os meus olhos já viram /
tu tens a boca mais linda /
que minha boca beijou /
são meus os teus lábios /
estes lábios /
que os meus desejos mataram /
são minhas tuas mãos /
estas mãos /
que as minhas mãos afagaram /
sou louco por ti /
eu sofro por ti /
te amo em segredo /
adoro o teu porte divino /
pela mão do destino /
a mim tu vieste /
tenho ciúme do sol /
do luar/
do mar/
tenho ciúme de tudo /
tenho ciúme até /
da roupa que tu vestes.

Dê sua opinião sobre a letra, lendo o romantismo e a poesia. Que mulher não gostaria de ouvir tamanha declaração de amor?


Na década de 80, quando as gravadoras começaram a agonizar, quando o repertório musical brasileiro toma outro rumo, Orlando Dias mudou-se para a gravadora Copacabana e, sem que ninguém esperasse mais algum sucesso por parte do cantor, para muitos, já ultrapassado, ele estoura nas rádios em 1983 com a canção “Com a Pedra na Mão”, de sua autoria com Maury Câmara. Orlando Dias teve seu espaço na mídia para brilhar e cantar suas músicas, enquanto viveu da profissão, recebeu elogios e foi reconhecido como autor de um estilo. Usou de artifícios como lenço branco, encenações e interpretações dramáticas, usou principalmente seu maior recurso para conquistar o Brasil, sua voz. Seu nome está entre os mais reconhecidos de uma era de ouro da música popular do Brasil.
Orlando Dias morreu num sábado, no dia 11 de agosto de 2001, na Ilha do Governador, bairro da zona norte do Rio de Janeiro. Tinha 78 anos e morava com a irmã. Um infarto ceifou-lhe a vida, mas sua voz sempre será ouvida através das canções rascantes.
Ele não fez se não, o mesmo que os poetas de hoje fazem, inseriu romantismo e fantasia na música, acrescentou uma interpretação particular para cada bolero, afinal, quem podia ser diferente? Sua obra merece atenção por parte dos estudiosos do assunto, não apenas citações. Evitar preconceitos, será sempre uma boa introdução para resgatar uma história sadia. Negar a participação é impossível, falar bem é de bom tom, e reverenciar como artista é nosso dever.

HOMENAGEM A ARTUR DA TÁVOLA, O HOMEM QUE ME ENSINOU A FAZER COMENTÁRIOS SOBRE A ARTE ALHEIA.



TRISTE CARREIRA TERÁ O JORNALISTA QUE NUNCA FEZ CONTATO COM O PENSAMENTO LITERÁRIO DO MESTRE ARTUR DA TÁVOLA.
Gostaria muito que estas linhas sobre Artur da Távola, fossem lidas pelos leitores e que despertassem nos mesmos, interesse em conhecer o legado intelectual deixado pelo melhor crítico que o Brasil já teve. Mas não quero falar apenas do crítico, quero principalmente dividir com todos, minha admiração por uma historia de vida que inspirou milhares de leitores, que assim como eu, gostava da figura pública e dos textos de Artur da Távola. Quem tem vontade de trabalhar ou trabalha em televisão, certamente já leu as críticas escritas com sensibilidade e responsabilidade, e que sempre nos levava a reflexão sobre a opinião artística acerca do trabalho de autores, atores, diretores, cenógrafos, músicos e escritores do ramo. Tanto nas extintas revistas Amiga ou Fatos e Fotos ou ainda nos jornais que reproduziam a coluna que ele escrevia no jornal O Globo, sua conduta era a de sempre levar o leitor a refletir sobre a manifestação artística da qual ele emitia opinião. Nunca percebi o mínimo de preconceito em suas opiniões, talvez fosse por isso que ele sempre mereceu e recebeu respeito por parte da classe, mesmo sendo essa classe, a mais vaidosa de todas. Por muitos anos ele escreveu na última página da revista Amiga e fazia o mesmo na revista Fatos e Fotos, ambas da editora Bloch. Alguns textos foram capazes de transformar o olhar do leitor e permitir outro ângulo além do estabelecido pelo veículo de comunicação que emitia, deixando espaço para o leitor discordar da própria opinião do crítico, mas sempre gerando meios para que houvesse manifestação do leitor além do que estava lendo. Tenho nos meus arquivos, cerca de quatrocentas críticas escritas por Artur da Távola, muitas das quais relidas inúmeras vezes. O primeiro contato com as críticas escritas por ele, fiz quando ainda era um menino morador da Fazenda Santo Antonio, no interior do Ceará. Foi uma opinião que ele emitiu sobre o desempenho de Nádia Lippi _minha estrela preferida da televisão na época_ na novela global “Brilhante”, de 1981, a partir dali nasceu minha admiração pela opinião do homem que sabia transmitir o impensável. De lá pra cá, passei a reconhecer a importância da opinião de quem via tevê para poder escrever o que nem sempre os artistas gostavam de ler, no caso de Artur, impossível, pois mesmo que fosse para denunciar um deslize técnico, sempre vinha acompanhado por respeito ao profissional que fazia a obra. Um artigo escrito para tentar entender o sucesso de Evaldo Braga dez anos depois da sua morte, me emocionou ao perceber a sensibilidade daquele homem culto, freqüentador das mais nobres das festas, nas linhas escritas, se mostrava interessado em entender um fenômeno de massa. Transmitindo candura e paixão, fui às lágrimas com os textos sobre Clara Nunes, Elis Regina, Betty Faria, Sandra Bréa, Natália do Valle e Sonia Braga, muito mais ao entender a importância de se falar de atores secundários, que numa única cena escrevia seu nome na história através da opinião crítica de Artur da Távola.
Guardo comigo o arrependimento de não ter tomado atitude para expressar-lhe pessoalmente minha admiração por sua doçura e brilhantismo, quando um dia o vi na pré-estréia de uma peça no Leblon, e nossos olhares se cruzaram, ele sem saber nada de mim, eu, conhecendo um pouco da sua alma generosa e do seu espírito elevado, tendo sorvido e compreendido centenas dos seus textos, me deixei levar pela timidez e não cumprimentei meu mestre, que nem sabia o quanto tinha me influenciado. Perdi a oportunidade de dizer para aquele homem o quanto respeitava e admirava suas opiniões e principalmente sua escrita. Felizmente, consolo-me por saber que muitas das críticas que ele escreveu para milhões de leitores, estão guardadas na minha estante, sempre como algo relevante, na medida certa para relê-las na hora que eu quiser. Agora, por exemplo.
Hoje, quando escrevo para homenageá-lo, acrescento mais uma cena na minha memória, oxalá na minha história. Um sábado frio, com um clima chato e um acontecimento histórico como outro qualquer, mas que será diferente e importante como poucos acontecimentos históricos para mim. Voltando da feira de antiguidades na Praça XV, por volta das 15h, entrei no Paço Imperial para olhar a exposição do artista plástico Carlos Vergara e ao sair percebo uma pequena aglomeração na entrada do Palácio Tiradentes, olho para os lados e cinco segundos são o bastante para entender a movimentação. O corpo de Artur da Távola estava sendo velado e recebendo os últimos préstimos dos amigos e admiradores. Não tive coragem de aproximar-me, ainda mais quando vi descer do carro o governador de São Paulo, José Serra e logo em seguida Aécio Neves, de Minas. Preferi sentar-me e olhar de longe enquanto lia uma crítica escrita por ele na revista Amiga, que eu acabara de comprar na feira. Escolhi para sempre, não vê-lo morto, escolhi ficar com a imagem do casal de artistas Rosamaria Murtinho e Mauro Mendonça, que deixavam o local de mãos dadas e tristes pela perda, escolhi ficar concentrado na crônica que ele havia escrito em maio de 1983, pensando na beleza das atrizes Bruna Lombardi, Natália do Valle, Vera Fischer, Elizângela, Betty Faria e Ioná Magalhães. “Penso, cá de longe, como deve ser complicada e até triste a vida de mulheres muito lindas ou sensuais. Mesmo assim elas preferem a beleza à feiúra”. Assim como o conheci por meio da escrita, despedi-me do escritor por meio dela. Fico com suas perguntas encontradas dentro da crônica: “Inverto a situação, perguntando-me: eu agüentaria passar a vida sendo cantado? È suportável a tentação de ser querido por pessoas altamente sedutoras? Dá para agüentar? Como será a cabecinha de quem vive sendo cantada, admirada, procurada, cortejada? A um se resiste, mas a mil? (...) A mulher sensual sempre sofreu de solidão e opróbrio. Todos a temem. E os sistemas a condenam, marginalizam, apedrejam. A beleza, de certa forma, acomoda-se aos sistemas.” Fico com a crônica como se fora minha primeira homenagem pseudopública a Artur da Távola.

Relembre a estreia de Ricardo Braga e a opiniäo de Roberto Carlos em 28/05/1978

A estreia da cantora Katia em 1978 cantando Tão So

Mate a saudade de Nara Leao cantando Além do Horizonte em 1978

1 em cada 5 Brasileiro preferia o THE FEVERS 26/11/1978

Elizangela canta Pertinho de Você no Fantástico em 1978

Glória Pires e Lauro Corona cantam Joao e Maria

CLA BRASIL E MARINÊS

DOCUMENTÁRIO SOBRE EVALDO BRAGA / 3 PARTES - ASSISTA NA ÍNTEGRA

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