18 abril 2008

QUEM PENSA QUE SABE MUITO, DESCONHECE OU IGNORA A CULTURA POPULAR DO BRASIL E SUAS PRINCIPAIS VERTENTES.

É NA BOSSA CHATA DO ESQUECIMENTO QUE OS GÊNIOS VÃO FICANDO CADA VEZ MAIS LONGE DO RECONHECIMENTO DE QUEM MERECE SABER A VERDADE: O POVO, OU MELHOR, O PAÍS.
ELINO JULIÃO É GÊNIO, É BOM E MERECE SER FALADO.
Muito antes do rádio se transformar na chatice que é hoje, ele já tocou muita gente boa e mais, já fez história com seus intérpretes inesquecíveis. Não estou falando de Dalva de Oliveira, Nelson Gonçalves, Vicente Celestino, Orlando Silva ou mesmo Carmen Miranda, estou falando de Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e do magnífico Elino Julião. Sem querer atacar o rádio, os locutores e as demais pessoas ligadas ao veículo, quero somente dizer que se houvesse interesse em fazer do rádio um instrumento de real valor cultural, além da força comercial apenas, os programadores usariam dos arquivos existentes e tocariam quem de fato é cultura popular, não ficaria martelando, enforcando, constrangendo os ouvintes com letras tão pobres e tão alienadoras como letras do tipo “...tudo que quer de mim... irreal expectativa”; ou ainda: o atual sucesso da cantora Dani Carlos. Compre, se ainda não tem, um MP3 urgente, e faça bom uso do aparelho. Vale a pena, para fugir do tédio que as mesmas provocam, por exemplo. Nada contra as cantoras, elas estão mostrando o que tem, mas tudo contra quem pode oferecer mais, mas nega tudo. Cadê o senso crítico? Em que cama repousa o crítico tão acostumado a interferir na programação? Já não tem mais valor, ou todos, entenderam de uma só vez afinal, que o Brasil não é Ipanema.
A BOSSA NOVA É DA CLASSE MÉDIA, SEGUNDO CARLOS LYRA
No ano em que a Bossa Nova completa 50 anos, e os pretensos pais brigam pela paternidade, seria majestoso assistir de casa, a volta do Ratinho com seu quadro popular “Teste de DNA”, ia ser um tal de saca papel, guardanapo e rascunhos, que o paranaense justificaria seu jargão “coisdelouco”. Não dá para entender essa gente que hoje lamenta a falta de patente da Bossa Nova. Vou de Moacyr Franco pelo gogó da Rita Lee contra eles e contra a bossa. O Carlos Lyra, um dos pretensos pais da Bossa Nova, disse e repetiu por mais de dez vezes no programa Roda Viva, que a Bossa Nova foi feita para a classe média, como se estivesse dizendo uma novidade. O senhor Carlos Lyra esquece que gosto musical não é definido por classe social, ou mesmo raça. Esquece ainda que o povo brasileiro gosta de ouvir o que mais tem a ver com sua própria história. Como negar que o mais famoso representante da Bossa Nova, o nordestino João Gilberto, foi quem inovou a música brasileira nos anos 50? O senhor Carlos Lyra não nega isso, mas esquece de dizer que João Gilberto, que sempre se negou inventor da Bossa Nova, teve como principais influências musicais, o rei do Baião Luiz Gonzaga e outro rei, o cantor das multidões Orlando Silva. A Bossa Nova não faz sucesso no Brasil, não é pelo fato de ser exclusiva da classe média, mas por não trazer nada de inovador dentro do próprio segmento. Ninguém agüenta ficar ouvindo os discos de Carlos Lyra por mais de duas horas. Tem seus méritos como artista, mas não é reconhecido por aqui nem mesmo pela classe média, com raríssimas exceções. A meia dúzia de jornalistas que o enaltece, ainda são os mesmos que nos anos 70, batizaram por cafonas Waldick Soriano, Lindomar Castilho e Odair José, ou seja, os cantores dos pobres. Durante seus 50 anos de existência, a Bossa Nova continua a mesma. Música para intelectuais de Ipanema que hoje estão na casa dos 70 anos de vida. Se há realmente classe média comprando os discos de Bossa Nova, elas estão no Japão. Por que será?

ENTRE O “SAMBA DO AVIÃO” E O BALANÇO DO “BARQUINHO”, EU VOU PRO “MELA-MELA”
Todos querem um pouquinho de prestígio, mas poucos se perguntam por Elino Julião. E não vai ser na TV pública, nem na escola, que vão ouvir falar do gênio Elino Julião, pois os professores, os mais antigos, ainda acreditam que compositor mesmo é o Chico Buarque. Nem que seja por questão de opinião. Cazuza, um jovem compositor poeta, urbano, mas sensível, rico de berço, porém famigerado pelo que dizia, já desabafou na canção o que eu quero dizer agora: “estou cansado de tanta babaquice, tanta caretice, desta eterna falta do que falar”. Nem o fato de termos um cantor popular ocupando o cargo de ministro da Cultura, nos garante que um dia esta geração venha a conhecer a obra de Elino Julião. Mesmo o ministro tendo um dia, declarado que Luiz Gonzaga foi sua base, não nos dá esperança que um dia ele venha falar de Elino Julião.


QUEM FOI ELINO JULIÃO? UM POUCO DA SUA HISTÓRIA
Compondo e cantando músicas como “Foi Morar Com o Guarda”, “Meu Cofrinho de Amor”, “Olá Bicho”, “Amor Enchucalhado” e “O Mela-mela”, Elino Julião da Silva marcou sua passagem pela Música Popular do Brasil como um dos mais interessantes representantes do gênero que o povo gosta e preserva há mais de 70 anos, o velho forró. Elino fez parcerias importantes com Messias Holanda, Coronel Ludegero, Jackson do Pandeiro, Marinês e outros. Foi reconhecido em vida pelo rei do Baião Luiz Gonzaga, que gravou várias composições de Elino Julião.
Nascido em Timbaúba dos Batistas, no Rio Grande Norte, em 13 de novembro de 1936, iniciou carreira artística em 1950, cantando na Rádio Poti as músicas de Jackson do Pandeiro. Em 1970 sua música deixa o exclusivo reduto nordestino para ganhar o Brasil por meio da canção “O Rabo do Jumento”, composta em parceria com Dílson Dória. Por mais de 40 anos ele divulgou e valorizou a cultura nordestina nos lugares por onde passou, como no Rio de Janeiro, em 1960, quando ganhou de Jackson do Pandeiro a força que precisava para levar seu trabalho adiante. Uma das grandes admiradoras do trabalho de Elino Julião foi a escritora imortal Rachel de Queiroz, que na contracapa do cd gravado com os grandes sucessos do artista ela escreveu: “Lembrar à mídia e à industria radiofônica que a autenticidade da Música Nordestina pode fazer sucesso, é tarefa dos artistas que cantam o Nordeste, sua cultura e sua gente. Elino Julião é um desses...”. A gravadora CBS, em 1968, foi quem lançou o primeiro disco do cantor com o título engraçado “Rabo do Jumento”. A partir daí, Elino constrói uma longa e rica carreira, obtendo respeito da classe artística e dos intérpretes que valorizavam suas composições. Genival Lacerda, Capilé, Abdias e Sua Sanfona de 8 baixos, Anastácia, Zé Calixto, Messias Holanda, Clemilda, Coronel Ludugero, Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Xangai, Jorge de Altino, Hermelinda e Tetê Espíndola, são alguns dos nomes. A obra do artista está registrada em mais de seiscentas músicas gravadas e consta dentre as obras mais importantes do país para quem deseja conhecer a fundo, os valores musicais brasileiros, principalmente as riquezas do Nordeste e sua gente. Elino Julião morreu aos 69 anos no dia 19 de maio de 2006, certamente um dos dias mais tristes para a história da verdadeira música popular do Brasil.
“O MELA-MELA” NO RECIFE EM FEVEREIRO
Eu vou é pro mele mela / Eu vou é pro mele mela / Eu vou é pro mele mela / Eu vou me melar mais ela... É uma festa que entra gente de fama / que mela a gente de lama e com tisna de panela / a brincadeira do mela-mela é quente / a gente bebe água quente / e entra no mela-mela.
Apesar de ter tido acesso à bossa nova na minha infância, o que mais me impressionava nas músicas que ouvia, era a vida engraçada e o ritmo alegre que Elino Julião passava. E “O Mela-mela” é sem dúvida um marco sonoro na minha vida de 36 anos.

AS CRIANÇAS NÃO ENTENDIAM AS MÚSICAS DE ODAIR JOSÉ E FERNANDO MENDES. ATUALMENTE, TODAS SENTEM AS MÚSICAS DO NXZERO


OS ÍDOLOS JOVENS DA MÚSICA ATUAL, TÊM CARA DE PLAYMOBYL, ASSIM COMO ODAIR JOSÉ E FERNANDO MENDES TINHAM NOS ANOS 70.
Nos começo dos anos 70, um ídolo da juventude brasileira declarou: “Estou cansado dessas musiquinhas, de usar maquiagem, de ter que esconder minha namorada do público, enfim, estou mudando”. Quem declarou foi Wanderley Cardoso, que até aquele exato momento ainda dispunha de atributos importantes para a carreira artística, tinha fama, beleza física e muito sucesso. O cantor alcançou popularidade ainda menino interpretando a “Canção do Jornaleiro”, durante a década de 60 foi mais fotografado, e perseguido, do que Sandy e Junior, Reynaldo Gianechini, Xuxa e Luiza Brunet juntos. Nada detinha o sucesso do moço no cinema, na música e na televisão, Wanderley era mesmo o broto em questão. Era muito comum para as gravadoras, tentar criar para seu artista, a imagem da juventude eterna. Foi assim com Cauby Peixoto, Sérgio Murilo e Agnaldo Rayol, os primeiros a conquistarem famas de galãs da juventude, até porque Vicente Celestino, Francisco Alves, Nelson Gonçalves e Orlando Silva, ainda jovens, mantinham posturas tradicionais demais, e o tempo era outro. Não importa se Cauby pagava cachês às fãs que desmaiavam aos seus pés, nossas avós queriam participar daquele fuzuê, nem que para isso tivessem que desmentir tudo cinco décadas depois. Agnaldo Rayol, este, era o protótipo da beleza, beirando a androgenia, o galã vendia saúde e frescor. Sergio Murilo, o “broto legal”, por ser o mais jovem dos ídolos, ainda sem Roberto Carlos, podia desdenhar ao folhear as revistas e encontrar seu rosto em vários ângulos, sem falar nos milhares de rapazes que se vestiam como ele para as conquistas. Quando Roberto Carlos entra em cena em 1965, botando pra ferver geral, fazendo no Brasil o que os Beatles faziam no mundo inteiro, o cenário troca os personagens, deixando os galãs comportadinhos para trás, e abrindo portas para um novo perfil de ídolos, todos envoltos em emoções diferentes.

VALE A PENA DIZER EU TE AMO NUMA CANÇÃO
Quando Roberto diz na canção aos que pretendem lhe conhecer, que somente dentro do seu carro, na estrada de Santos, isso pode acontecer, ele estava transmitindo uma postura nova e ousada para os padrão de comportamento da época. 1966, em “Eu Te Darei o Céu”, a canção repleta de emoções cantada por um jovem de vinte e poucos anos, marca para sempre o jeito direto de se fazer música. Depois disso, todos que pretendiam fazer canções que tocassem o público, seguiam a poesia romântica do novo “rei”. Seus contemporâneos, nem tanto, mas os que viriam cinco anos depois, abraçariam sem medo, as paixões sufocantes inseridas nas composições de Roberto e Erasmo Carlos. Odair José, Fernando Mendes e José Augusto dão conta de expandir o estilo nacionalmente. Regionalmente, Bartô Galeno cumpre a função, gerando dezenas de seguidores no Norte e Nordeste, criando celeuma com o toca-fita do seu carro.


CABELOS LONGOS, BATOM PARA REALÇAR E MUITA EMOÇÃO NO AR.
Imagem sexy, olhar triste, figurino colorido e músicas emocionantes. Se Roberto assumia na música que estava amando a namorada de um amigo (nada pode ser mais emo), Odair José, em 1973, foi mais ousado, comprando briga com a censura por causa da pílula, e fez mais: compôs uma linda canção numa ode à prostituta, deixando com inveja o experiente Dorival Caymi. Odair José permitiu-se ser criticado ao dizer numa música “Eu Queria Ser John Lennon” (ele e todos os jovens do mundo ocidental). O mineiro Fernando Mendes preferiu a reflexão e escolheu uma cadeirante para homenagear na música “Cadeira de Rodas”. Quantos não choraram contristados pela estória? Quantos inocentes deram seu primeiro gole na água ardente? Quantos deficientes se sentiram inclusos na sociedade (vide o tempo em que a música foi sucesso) moderninha? José Augusto, vestindo um modelito básico, cantou e encantou o Brasil com “De Que Vale ter Tudo na Vida”. José Augusto foi além com o grito “Eu Quero Apenas Carinho”. O Brasil já era EMO e não sabia.


Cachorro Grande, NXZero, Pato Fu, CPM 22 e muitas outras bandas que nasceram durante o reinado PLAYMOBYL, não sabem com profundidade que o que eles cantam hoje, Odair José e Fernando Mendes foram os precursores. Ditadura militar, perseguição cultural e paixão pelo romantismo, fizeram do início dos anos 70, o período mais promissor da melodia basicamente emocional. Eles não cantavam rock por convicção ideológica, mas fartamente ricos de emoção e sentimentos reprimidos, ou ainda fantasias irrealizáveis, governaram musicalmente o país com suas baladas românticas. Eram estilosos e verdadeiras celebridades. Estavam no rádio, no bar, na rua, no campo, na cama e nas capas de revistas. As gravadoras encaminhavam aos milhares de lares, fotos coloridas com seus ídolos estampados. Assim como Fernanda Takai, vocalista do Pato Fu, Fernando Mendes tinha um jeito pessoal de se apresentar em público. Fazia o estilo “cheguei ontem da roça, sou tímido, mas sou chique”. Odair José é fácil de ser identificado nas bandas que fazem sucesso atualmente porque ele sempre foi moderno, exótico e por quê não dizer estranho. Tinha uma cara de 2050, mas uma música que até os desprovidos de lares compreendiam, era de fato músico, nunca passava a idéia do machão (assim como Waldick e Lindomar), antes, deixava no ar, a imagem cândida de menino abandonado, resgatado pela crença na emoção que trazia dentro de si. Odair José é Cachorro Grande, é Pato Fu, é cultura popular, acima de qualquer rótulo, é artista com conhecimento próprio do que pode transmitir ao público. Fernando Mendes e Odair José são difíceis de se estudar, pois foram tão autênticos, que por não os compreenderem, os críticos _nada intelectualizados_ preferiram pular a história e encaixá-los na sala ao lado onde nada se discursa, debate ou informa. Ou seja, há uma parte da história que precisa ser estudada e só depois explicada, ela permanece inédita, e não é um cd tributo que vai explicar. Quer conhecer o universo sentimental que ponteava a cabeça de Odair e Fernando Mendes como compositores? Ouça as letras das bandas Cachorro Grande, NXZero e Pato Fu, você vai se interessar pelo que os precursores diziam nas canções românticas durante o período onde os universitários tinham cassetetes em riste, apontados na direção da cabeça, vai findar por entender que o país ainda é Odair José tanto quanto Fernando Mendes e NXZero, só que com outros valores acordados com o tempo,a emoção e, a inteligência criativa que se fazia bem mais presente nos anos 70.

10 abril 2008

MORRE O CANTOR MARANHENSE ADELINO NASCIMENTO



Por: Central de NotíciasData de Publicação: 10 de abril de 2008

Morreu na madrugada de hoje, o cantor de música brega, Adelino Nascimento. Ele estava internado há algum tempo, tudo começou após um show na cidade de Japaratuba, Adelino sentiu-se mal com problemas respiratórios, mas não quis receber atendimento médico.O cantor passou mal novamente na segunda-feira, quando foi internado no Hospital de Urgência de Sergipe, aonde veio a falecer de complicações pulmonares na madrugada de hoje.O "cantor apaixonado do povão", como se auto intitulava, nasceu em Maracaçumé, na região de Gurupi, no Maranhão. Adelino tinha 51 anos, estava casado com Dona Aritânia, o cantor tinha quatro filhos, um com a atual esposa e três do casamento anterior. Com mais de 30 discos gravados, Adelino Nascimento estava entre os mais populares da música romântica regional, conhecida popularmente como brega. O cantor tinha problemas pulmonares e sentia crises de asma constantes. Era considerado um dos melhores cantores do país em seu gênero.
''O Brasil perdeu um grande artista'', diz irmão de Adelino
SÃO LUÍS – Em entrevista ao programa Ponto Final da Rádio Mirante AM, o irmão do cantor Adelino Nascimento, Élson Carlos, definiu a morte do irmão como: “O Brasil, em especial o Maranhão, acaba de perder um grande artista.”. Élson fez questão de mandar um recado aos fãs do cantor.- É muito triste ter que dar essa notícia a vocês, fãs do meu irmão. Mas peço que façam uma corrente pela nossa família, porque todos estão sofrendo. Adelino foi um grande ídolo, um grande cantor que sempre levou o nome do nosso Estado para todo o Brasil. Por onde ele passava, ele sempre fez questão de dizer o nome do lugar de onde ele veio – afirmou emocionado. Élson revelou ainda que Adelino sofria de asma, uma doença respiratória e, que dificilmente o irmão ia ao hospital.- Ele (Adelino) sempre teve problemas com a asma, desde criança. E a doença, aliada ao consumo de bebidas e a correria dos shows comprometeu a saúde dele. Ele não quis ir para o hospital quando teve a primeira crise (de asma), logo depois do show em Japaratuba. Adelino corria longe de hospital - revelou. No final da entrevista Élson comparou o irmão aos grandes ídolos da música brega.- Como meu irmão, eu vi apenas o Amado Batista e o Waldick Soriano - finalizou.

07 abril 2008

SUCESSO INDEPENDENTE DE MALLU MAGALHÃES, CANTORA PAULISTA DE 15 ANOS DE IDADE, FENÔMENO NA INTERNET, ANTECIPA O FIM PRÓXIMO DAS GRAVADORAS.

DEPOIS DE LUCRAREM MILHÕES DE DÓLARES NOS ANOS 80 COM OS CANTORES MIRINS, QUATRO DAS GRANDES GRAVADORAS EXISTENTES NO BRASIL, BRIGAM PELO PASSE DA CANTORA DE FOLK.
Acabou-se o que era doce. Frase piegas, mas que se encaixa perfeitamente no atual retrato das gravadoras do país. Só para refrescar a memória, parece que foi ontem, quando Michael Jackson ainda menino, no inicio da década de 70, sacudiu o mercado vendendo mais discos que gente grande. Seu passe sustentava um gigante do disco americano. Coincidentemente, seu esfacelamento artístico ocorre exatamente quando as gravadoras se desintegram, deixando expostas as fraturas que abalaram suas bases. Foram construídos tantos ídolos para convencer os jovens a comprarem discos, que fica difícil trazer a memória os nomes dos mesmos. Muita gente ainda se lembra de Nikka Costa e Luiz Miguel, para citar dois dos fenômenos infantis que trocaram seus talentos por cifras astronômicas. Por aqui, as gravadoras também não esquecem do tempo em que a pequena Simony, na frente do infantil Balão Mágico, vendia mais do que Roberto Carlos. Simony é o exemplo de sucesso perfeito para explicar o surgimento de Angélica, Gabriela, Aretha Marcos, Donizette, e depois os grupos Trem da Alegria, Abelhudos, Chocolate e muitos outros. O Brasil oitentista, em plena descoberta do rock nacional, com as prévias do sertanejo dando sinal, teve que engolir “a palo seco” _para citar o nome de um disco do cantor Belchior, que nada tem a ver com infantil ou coisa parecida_ a desafinada Xuxa e seus números infindáveis de discos. Estava tudo muito ruim para o ouvinte, mas para as gravadoras não poderia ser melhor, como reclamar se o dinheiro estava entrando sem parar? Pois bem, a mamata acabou. Se por um lado está a gravadora que afirma não poder investir nos cantores, do outro lado surge no panteão da música, os cantores que dispensam as gravadoras, empreendendo por ideologia os seus próprios trabalhos.

Mallu Magalhães não é uma cantora infantil, a propósito, ela é a reação da nova geração de artistas que se descobre dona das próprias pernas para fazer seu trabalho chegar ao público. Não importa mais ter o nome ligado à gravadora, a Internet é o patrão da vez. Quanto mais o artista vislumbra a potencialidade da rede, mais ele se integra ao novo padrão de comportamento musical. Não há porque questionar a venda avulsa de músicas, se elas estão na casa de quem as deseja. Cinco cliques no mínimo encurtam o trabalho que é ter que sair de casa para comprar um cd com 12 ou 15 faixas, sendo que o interesse é por uma única música. MP3, MP4, Ipod, celular, you tube, MySpace, são recursos utilizados pelos jovens com poder aquisitivo, que ajudam fincar cruzes sobre os túmulos das gravadoras. Isto é, quem realmente pode comprar o disco caro, proposta indecorosa das gravadoras, está em casa criando seu estilo, pensando nos milhões de internautas que vão acessar sua obra prima amanhã cedinho, ou meia noite, quem sabe?
Sexta-feira, dia 28 de abril de 2008, no Cinematèque, em Botafogo, encerrando o Festival Evidente, Mallu Magalhães levou o público ao delírio. Os 200 ingressos vendidos antecipadamente, garantem _aos olhos da gravadora_ o sucesso de Mallu além da Internet. Os diretores das gravadoras Warner, EMI, Universal e Deckdisc, se apressaram na disputa pelo passe da menina prodígio. Conforme matéria publicada no Jornal do Brasil, assinada pelo jornalista Bráulio Lorentz, a disputa foi acirrada. São quatro propostas oficiais ainda não respondidas por Mallu, e parece que vão continuar sem, pois se depender do empresário dela, o gaúcho Rafael Rossato, existe a possibilidade de manter a independência e de fechar com produtores internacionais por conta própria. Contudo não se assuste se em poucos dias Mallu aparecer engessada no padrão de alguma gravadora, é que eles sabem como conversar com os pais, que certamente tem planos para a filha. Não há proposta que uma gravadora não possa cobrir, principalmente quando se trata de uma divisora de águas. No pouco tempo que teve para sentir o gosto da fama, Mallu já deu entrevistas para Jô Soares, Serginho Groisman e outros.
Em apenas cinco meses, ela conseguiu 500 mil acessos no MySpace, um ano e meio depois, o contador já registrava 6 mil. Talentosa, ela canta e compõe canções folk, como as já conhecidas dos internautas “Tchubaruba” e “Get to Denmark”. Mallu também faz versões, e faz com estilo. Imprimiu sua marca nas versões “I´ve just seen a face”, dos Beatles, e “Folson prison blues”, de Johnny Cash. O bom de poder conhecer Mallu, é imaginar que por trás do seu surgimento, se esconde uma onda que vai definir o mercado nos próximos anos. Que venham milhares de Mallus! Chega de festivais que não revelam nada e ainda por cima semeiam falsas ilusões sobre a mente e as emoções dos incautos calouros. O Jornal do Brasil acertou em cheio, quando deu destaque a performance da menina prodígio, apontando para a tendência do mercado. Até quando inocentes vão cair nas ilusões dos programas como Fama, ídolos, Pop Star e outro do gênero? Até quando, figuras que se acham preparadas vão dizer na cara dura, que sicrano ou beltrano não está preparado para o mercado? Atenção senhores juizes. Mirem-se no exemplo da pequena Mallu. Corram pra casa e tentem descobrir o segredo do mercado.




04 abril 2008

O WALDICK SORIANO QUE A GERAÇÃO DO FUTURO VAI GOSTAR DE CONHECER.

DOCUMENTÁRIO DE PATRÍCIA PILLAR SOBRE WALDICK SORIANO REVELA A MAGIA FOLCLÓRICA DO DURANGO KID DO NORDESTE.
“Waldick Soriano – Sempre no Seu Coração”, é mais que um documentário, é um mergulho profundo na alma do cantor. Exibido durante o festival É Tudo Verdade, o documentário que a atriz Patrícia Pillar produziu e dirigiu sobre a vida do cantor Waldick Soriano, tenta montar com os retalhos da alma do artista, um painel diversificado da intimidade do homem, e da veneração popular pela lenda do romantismo brasileiro. “Queria saber por que sua trajetória aconteceu daquela forma. Por que foi posto no nicho do cafona, depois brega e assim ficou?, Waldick tem 82 discos, uma obra musical grande, com pérolas como Tortura de Amor, A Dama de Vermelho, Quem És Tu? e Paixão de Um Homem. Acho tudo um deslumbre. De alguma maneira, Waldick construiu um estigma em torno dele, que ficou”, indagou ainda em 2006. Na mesma entrevista onde fez a declaração, Patrícia disse que aproveitaria esses exemplos para mostrar como as elites tratam artistas populares. Do retorno a Caetité, cidade de origem de Waldick, passando pelo depoimento da primeira namorada, tudo é emoção. O lado família é revelador quando a relação conflitante com um dos filhos é captada pela lente da câmera em plena noite paulistana, precisamente no bar da empresária Lílian Gonçalves, filha de Nelson Gonçalves. As mulheres que passaram pela vida do cantor, muito bem aproveitadas por Patrícia, ajudam a narrar, em partes, a vida amorosa de Waldick, comprovando a fama de mulherengo e a turbulência afetiva nos namoros. Um cabaré também serviu de cenário para ilustrar o domínio do rei nos corações despedaçados.
NUM CINEMA COM 30 ESTUDANTES DA REDE PÚBLICA ASSISTINDO AO FILME DE PATRÍCIA, PERCEBO O QUANTO WALDICK É ENGRAÇADO.
A sessão das 16h, no Ponto Cine de Guadalupe, era a que me restava para ver o documentário, havia perdido as exibições nas redondezas donde eu moro e não queria correr o risco de ficar sem saber o resultado dos anos de trabalho de Patrícia Pillar. Ao entrar na sala fiquei atônito com a algazarra dos 30 adolescentes, que não perdoavam nada. Começou minha tortura só em pensar que aqueles meninos fossem boicotar a minha única sessão. Mas não foi bem isso que ocorreu, as funcionárias do Ponto Cine conversaram com eles explicando a necessidade do silencio e da probabilidade de pô-los pra fora, caso não cumprissem com as normas da casa. Tudo falado com muito amor, paciência e respeito aos imberbes cinéfilos. Assim como eu, morando distante de Guadalupe, um senhor, fã incondicional de Waldick, saiu de Copacabana para prestigiar o ídolo. O riso vem fácil logo na primeira cena quando o chapéu de Waldick trepida sobre o painel do carro. O conteúdo das letras, a voz de Waldick, e o ritmo das músicas, também excitavam a meninada. Com dez minutos de exibição, um estudante gritou: “Vai pro AA bebum!”. Daí por diante, em cada cena que Waldick entornava um mé, era aquele alvoroço. “larga o copo tiozinho!”, “de novo tio!”. Confesso que nada me distraiu, até mesmo quando um fã de Waldick, cheio de álcool até a tampa, dá seu depoimento para diversão geral da platéia. A melhor cena para eles, pelo que pude perceber, é quando imagens em preto e branca do Durango Kid aparecem na tela. Outras cenas como as que aparecem Roberto Muller (somente imagem), um imitador de Roberto Carlos, e um cover de Elvis Presley, são muito celebradas pelos estudantes. A imagem rara do Chacrinha também despertou curiosidade, era a lenda se manifestando. Quando de repente entram na tela os créditos finais, a grande maioria se perguntava: “já acabou?”. O cantor já estava consagrado para eles, quando em coro, todos aplaudiram gritando: “Waldick! Waldick! Waldick! Muito boa, a sessão. Voltarei qualquer dia para assistir um bom filme em Guadalupe.
COMO DIRETORA, PATRÍCIA DEIXA TRANSPARECER O CUIDADO EXAGERADO COM A PRESERVAÇÃO DA INTIMIDADE DO ARTISTA WALDICK SORIANO.

Na primeira experiência de Patrícia Pillar como diretora, tudo ocorre de maneira simples, nada de excepcional com edição, isso inclui montagem, roteiro, áudio e imagens. O lado rico, quando Waldick esteve no auge do sucesso, as polêmicas antológicas com Flávio Cavalcante, os casos famosos com Claudia Barroso e com a socialite milionária Beki Klabim, nuances que enriqueceriam muito o documentário, tudo ficou de fora. Nem mesmo as centenas de matérias em revistas e jornais, testemunhas da fama, e da participação de Waldick no cenário artístico nacional, não foram utilizadas por Patrícia como recursos ilustrativos nos 58 minutos. O filme é um afago de fã, e fã que teve contato com a obra do artista pela primeira vez, via radinho de pilha da empregada. Não sei, se pelo fato das minhas pesquisas sobre Waldick (7 anos) revelarem um grande personagem, ou mesmo uma figura insólita, acredito que Patrícia já tinha antes em mente tudo o que levou para a tela do cinema. O início do filme passa um pouco disso, do carinho da diretora para com o personagem, a começar pelo simbólico chapéu preto, primeira imagem do filme, depois, uma estrada sendo cortada pelo carro que transporta um homem cansado, voltando ao lugar onde nasceu, enquanto fala da própria vida. Ainda não é o filme que eu gostaria de ver sobre a vida de Waldick Soriano, mas é uma preciosidade para quem vai pela primeira vez, fazer contato com a história de um dos grandes nomes da música popular do Brasil. Não há o que lamentar, antes, louvar pela iniciativa, e realização de Patrícia como pessoa sensível e criativa que é, trazendo a tona o nome de Waldick Soriano para que se saiba hoje e no futuro, a importância deste artista tão querido, e respeitado pelo povo. Como ela mesma avaliou em 2006, quando ainda estava em fase de produção. “O Brasil trata mal esses artistas. Para ter o novo não precisa negar quem construiu o que está ai. Eles são o alicerce da história de nossa música”. Declarações como essas, deixaram em expectativa milhares de admiradores de Waldick. A temática do “brega” é levantada no documentário quando Waldick diz: “Eu não sou brega, eu sou romântico”. Logo em seguida, um fã exaltado pela bebida declara seu amor fiel ao romantismo das músicas do cantor baiano.
Recomendo aos leitores do blog, assistirem ao filme e depois escreverem aqui, o que acharam do documentário. Meu esforço para aceitar a parcialidade de Patrícia Pillar como diretora, foi imenso, mas uma frase da experiente jornalista Vera Sastre, trouxe o resumo que tanto procurava para este texto: “Ela não fez com Waldick, o que ela como artista não gostaria que fizessem com ela, ou seja, preservou o lado pessoal do artista”.
Uma frase dita por Waldick no filme, deve ser guardada por quem deseja entrar no mundo solitário da celebridade. “Eu ainda estou procurando essa tal de felicidade. A felicidade real, talvez nunca venha.”

“Os filmes que fiz, O Poderoso Garanhão e Paixão de Um Homem, passam, as músicas também podem passar, mas o documentário, acho que fica.” Waldick em 26/02/06

as fotos que ilustram esta matéria foram reproduzidas das originais de Marizilda Cruppe (agosto de 2007)

Relembre a estreia de Ricardo Braga e a opiniäo de Roberto Carlos em 28/05/1978

A estreia da cantora Katia em 1978 cantando Tão So

Mate a saudade de Nara Leao cantando Além do Horizonte em 1978

1 em cada 5 Brasileiro preferia o THE FEVERS 26/11/1978

Elizangela canta Pertinho de Você no Fantástico em 1978

Glória Pires e Lauro Corona cantam Joao e Maria

CLA BRASIL E MARINÊS

DOCUMENTÁRIO SOBRE EVALDO BRAGA / 3 PARTES - ASSISTA NA ÍNTEGRA

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