26 junho 2007

LOBAS, DEUSAS, NINFETAS E ANJINHAS LETRADAS, SERVEM AOS LEITORES DE THIAGO DE GÓES NUM BANQUETE COM SOPAS DE LETRAS QUENTES.


Como se estivesse num banco de roteiros de Hollywood, onde tudo deve ser rápido, claro e envolvente, Thiago de Góes mais uma vez instiga seus leitores com textos inspirados em canções populares. O rosário, onde enfileirados e redondinhos convivem harmonicamente os contos, apontam para as mulheres de gogó rascante. Depois de homenagear Waldik, Odair, Fernando Mendes e outros expoentes da canção popular no primoroso Contos Bregas (2005), chegou a vez das cantoras terem suas músicas autopsiadas pelo escritor no recém lançado Lobas, Deusas e Ninfetas. Livro para ser lido no ônibus, na rua, na cama, na fazenda e em casa com os amigos. Numa trilha sinuosa com precipícios para ambos os lados, leitores se agarram nos contos bem escritos e fazem sua viagem tranqüila, não sem antes sentir na pele: indiferença, traição, paixão e a temida solidão que as letras evocam, sem falar no humor constante que salta da crítica intelectual. Em alguns momentos o leitor vivido vai lembrar daquelas estórias que os locutores de rádio AM narravam sem dó nem piedade. Ao mesmo tempo, pessoas que amontoam gavetas com textos inéditos, sentirão inveja da audácia de Thiago e seu tinteiro verboso. Seguindo a linha de Contos Bregas, livro anterior do escritor, Lobas, Deusas e Ninfetas mergulha nos agudos emitidos por Rosana, Diana, Joana, Alcione, Kátia e muitas outras cantoras que o Brasil ama e consome sem fastio. Foi de músicas interpretadas por artistas nacionalmente conhecidas, que Thiago extraiu a seiva que alimenta o romantismo de seus contos. O prefácio do livro é uma pérola que o leitor deve guardar tanto quanto os contos do autor. A cantora Kátia escreveu pessoalmente suas impressões após ler os manuscritos do livro e rasgou a seda, falando sobre o livro de Thiago, o que muitos escritores gostariam de ouvir. Quando estiver lendo o livro, imagine-se dentro da mente do escritor, mas não tente nunca, fechar ou mesmo tocar, na fonte que jorra fluidos colossais de idéias geniais.
Muitos livros são lançados diariamente. Alguns lançados aos depósitos, outros nas estantes, muitos ao esquecimento eterno, mas um bom livro nós guardamos no lugar mais perto do alcance das mãos. Quando li Contos Bregas, fiz questão que meus amigos tomassem conhecimento. Muitos motivos me levaram a essa condição. Primeiro por tratar-se de um escritor jovem (e não de um jovem escritor, pois ele escreve como quem já publicou dezenas de livros), segundo pela qualidade editorial que os livros de Thiago de Góes são tratados. A narrativa que usa para destrinchar seus contos, é rica em adjetivos e farta de assertividade. Usa de brevidade sem deixar de fora a riqueza dos detalhes e nunca é pueril. Portanto, um livro escrito com tantas qualidades jamais será relegado por quem aprecia leitura, bom gosto e inteligência.
O novo livro de Thiago de Góes Lobas, Deusas e Ninfetas, confirma que há entre nós jovens talentos que precisam de divulgação nacional. Precisa-se mais ainda, de energia por parte dos editores, que deveriam propagar sem fronteiras um produto tão brasileiro. Minha intenção é a de que Thiago de Góes faça parte da lista de escritores que o Brasil precisa conhecer. Recomendo seu livro como uma leitura indispensável aos críticos literários, que ha muito não sustentam nas mãos, um livro consistente feito por gente jovem para velhos leitores exigentes.


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