A primeira enquete lançada no blog, teve como finalidade cativar a participação do leitor numa interatividade que permitisse revelar sua preferência musical. Foram reunidos no painel de votação, nomes que marcaram o início, o meio e o fim da década de 70. Começando com Diana, a vencedora, e terminando com Lady Zu, a lista trazia ainda os nomes dos cantores Paulo Sérgio, Raul Seixas, Odair José, Fernando Mendes, Evaldo Braga e outros. Desde já, fica registrado o agradecimento aos leitores, esperando que os mesmos se manifestem nas enqüetes futuras.
POR QUE DIANA TEM A CARA DOS ANOS 70?
Não é por acaso. Diana reune qualidades raras da participação feminina na década de 70. Desde a tímida estréia em 1969, ao estrondoso sucesso do primeiro LP em 1972, passando pelo lançamento do LP Uma Vez Mais em 1973, a cantora se manteve no posto de maior representante do romantismo na música popular. Apesar de muitos distraídos associarem o nome da cantora ao movimento Jovem Guarda, Diana nada tem com o período, exceto os arranjos de suas músicas nos dois primeiros LP’s, que por serem da CBS, ainda traziam fortes indícios do movimento, principalmente nos arranjos semelhantes, e nas composições e versões de Rossini Pinto, cantor compositor e grande versionista de inúmeros sucessos da jovem guarda. Diana foi lançada ao sucesso, pelas mãos do senhor Evandro Ribeiro, diretor da gravadora CBS, muito importante na carreira e na criação do mito Roberto Carlos. Evandro tinha admiração pela voz e pela postura artística de Diana. Fez da cantora a maior intérprete feminina romântica, capacitando-a para concorrer com Roberto Carlos no posto. Roberto Carlos era o maior artista da gravadora e também gostava muito de Diana, ele sabia que no interior do Brasil os apaixonados só ouviam dois cantores: ele e Diana.
DIANA MUDA DE GRAVADORA E DE REPERTÓRIO
Além de ser conhecida como a “cantora apaixonada do Brasil”, Diana era casada com Odair José, ídolo popular e um dos maiores vendedores de discos do país naquele período. Os dois se conheceram quando estavam começando carreira artística, namoraram por um tempo, foram morar juntos e só depois foi que selaram a união em cartório. Enquanto esteve na CBS, Diana gravou repertório romântico, entrando para a história com a inesquecível PORQUE BRIGAMOS, agradando aos fãs e à própria gravadora. Raul Seixas foi designado para produzir a cantora, sendo o responsável pelos arranjos jovens. Até porque, Diana era muito nova e não podia ficar marcada por um estilo fadado ao fim. Ao mesmo tempo em que produzia o disco, Raul compunha baladas românticas para Diana. Músicas como Ainda Queima a Esperança, Hoje Sonhei Com Você, Estou Completamente Apaixonada, Você Tem Que Aceitar e Pegue as Minhas Mãos, são músicas conhecidas do repertório do primeiro LP de Diana e que foram compostas por Raul e o parceiro Mauro Motta, músico de Roberto Carlos. O LP Uma Vez Mais, de 73, saiu muito parecido com o primeiro, o que sinaliza para uma busca da gravadora pela repetição do sucesso do disco anterior. As músicas Uma Vez Mais, A Música da Minha Vida, Amor Só Se Paga Com Amor e Esta Noite Lhe Digo Que Não, percorreram o país oscilando de posição entre as dez mais tocadas nas rádios do Brasil. Contudo, Diana queria muito mais para sua carreira artística, queria por exemplo, fazer um disco mais autoral, o que era praticamente impossível de ser realizado dentro da CBS. A mudança de gravadora foi inevitável, Diana transferiu-se para a Phonogram. Pelo selo Polydor, gravou em 1974, o compacto duplo Você Prometeu Voltar e em seguida grava o LP. Estourou em vendagens e ganhou todos os prêmios disponíveis para a categoria. O primeiro LP pela Polydor apresentava uma Diana cândida e autoral. O disco produzido por Odair José e Jairo Pires, emplacou sucessos como: Esta Noite a Minha Vida Vai Mudar, Foi Tudo Culpa do Amor e Você Prometeu Voltar. O disco trouxe mudanças significativas para a carreira de Diana. Ela cortou tudo que lembrasse a CBS, tomando o cuidado de afastar qualquer acorde que remetesse à jovem guarda. Ousou como autora e como intérprete e o que faltava para complementar a mudança, veio com o disco de 1975, Diana Uma Nova Vida. Diana assina 8 das 12 composições do disco. Uma das composições do disco caiu no gosto popular, a música Lero-Lero, de sua autoria, tocou no Brasil inteiro, além das faixas Ainda Sou Mais Eu, Momentos, Vem Morar Comigo e Se Você Tentasse. Quem acompanha a carreira de Diana e tem todos os discos da cantora, ou pelo menos os discos da década de 70, sabem da mudança progressiva na interpretação da cantora. O LP de 1976, conhecido como Diana Sem Barulho, é a prova cabal de que Diana é uma cantora completa, além de competente compositora. Sem Barulho, faixa que abre o disco, ela deixa claro seu objetivo como intérprete, vindo a se revelar na autobiográfica, Sangue nas Veias: se você pensa que sou feita apenas de carne e osso / que canto cantigas brejeiras sem nada de novo / que sou isso, que sou aquilo, que sou um tanto inconstante / que pra você eu não sou nem um pouco importante / o que você não sabe é que acima disso tudo / sou eu quem me dirige / que me largo / que me cuido / eu faço do amor um caminho de paz pro meu mundo / se você pensa que estou contando somente vantagens / é só conhecer o meu canto e deixar de bobagens / eu sei que carrego no sangue as vontades do amor/ que me corre nas veias / eu sei que a vida que levo é até passageira / o que você não sabe é que acima disso tudo sou eu quem me dirige.... O disco pode ser compreendido como um dos trabalhos mais explicativos da carreira da cantora. Variação de ritmos, elaboração orquestral e muita sensibilidade, são perceptíveis à primeira audição. Deixa para trás aquela Diana de canto baixinho, de voz mansa e embriagada pelas versões do Rossini Pinto. Pela primeira vez ela grava em discos, usando todo o seu potencial vocal, deixando ecoar sua verdadeira voz, cantando alto e afinado, em parceria com músicos modernos e atentos ao potencial vocal da intérprete. O disco em resumo, é uma pérola do pop brasileiro. Outra mudança que Diana imprimiu na sua carreira, está registrada no LP Flor Selvagem, de 1978, já pela gravadora RCA. Disco bem produzido e com alto custo de produção. Diana convocou para o estúdio dirigido por Estáquio Senna, o grupo Azimuth, Maurício Einhorn, Hélio Delmiro, Nivaldo Ornelas, José Roberto Bertrami e Oberdan Magalhães. Diana não pode ser lembrada apenas pelas interpretações românticas do começo da carreira. Ela é muito mais, ela é dona de uma das carreiras mais interessantes do universo feminino da década de 70. Vale a pena conferir sua obra. A propósito, o leitor já ouviu Diana interpretando a música Vida Que Não Pára, de Odair José? Vença os obstáculos e dê um jeito de ouvir.
DIANA E A MÍDIA
Em maio de 1972, o prêmio Disco de Ouro, criado pelo Chacrinha em 1964, foi entregue aos cantores que mais venderam discos no ano de 71, Diana, Roberto Carlos, Clara Nunes, Chico Buarque, Cláudia Barroso, Waldik Soriano e Evaldo Braga, foram alguns dos agraciados com a premiação. Num programa especial, os premiados antes de receberem o troféu, cantavam seus sucessos. Chacrinha foi incentivador da carreira de Diana tanto no rádio como na televisão, o apresentador estava sempre fazendo comentários sobre a cantora. Nas colunas em que escrevia para várias revistas e jornais, Diana era sempre lembrada pelo Velho Guerreiro. Numa coluna ele escreveu em maio de 72. “No tabuleiro da baiana tem... A revelação de que a Diana vai gravar música de Roberto Carlos. O negócio se chama Não Fui Te Ver Porque Choveu. Sai no mês que vem.”. Silvio Santos, outro nome importante para a classe artística, nos anos 70, sempre se referia á Diana com muito afeto. Divulgava as conquistas de Diana na carreira. Em 1976, Hildegard Angel e Chacrinha comentavam em suas colunas a gravidez de Diana. Chacrinha foi enfático e escreveu em sua coluna na revista Amiga: “Enquanto espera o seu bebê, a cantora Diana vai faturando com o seu disco Lero-Lero”.
4 comentários:
Realmente Josué voce tem razão. Ainda me lembro quando Diana lançou seu disco de 78 e deu uma entrevista exclusiva pra equipe da rádio Globo do Rio. Sempre gostei muito dela e continuo sendo fã de Diana. Parabéns pelo seu trabalho.
Juan Guannini
Parabéns pelo blog. Estou fazendo umas pesquisas sobre o assunto e notei que possuem várias publicações originais da década de 70. Gostaria de conversar com vocês sobre a possibilidade de consulta a essas coleções.
Abraços e obrigado
Edmundo Leite
edmundoleite@uol.com.br
muito lindo seu comentário!!!!!!
gosto muito da cantora Diana
tenho 27 anos e cresci escutando as suas musicas.......mas sempre pergunto para meus pais:
A Diana ta viva? oque anconteceu com ela?
mas apesar da duvida........
continuo tendo curiosidade...rs
e seu blog me ajudou a saber um pouquinho mais sobre ela..
PARABÉNS....
Da Diana não temos apresentações na TV, tapes dos anos 1970, milhares de fotos na Internet, notícias constantemente atualizadas, clipes na MTV, participação em premiações tipo Oscar (pode ser Troféu Imprensa, mesmo), nada que lembre uma superstar. Tudo o que temos são seus discos e sua música. Pode haver prêmio maior para um artista do que ser lembrado pelo que fez? Diana é uma diva underground.
Underground de verdade.
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