26 setembro 2006

POP, POPULAR POPULARÍSSIMO

Quantas músicas você arquivou na memória ao longo da sua vida?
Você conhece alguma composição de Chiquinha Gonzaga?
Quem foi João da Praia?
Qual peça de jogo deu nome ao grupo jovem que incendiou a música nos anos 80?
Você sabe o que é caviar?


Certamente você lembra de pelo menos 20 músicas que fazem parte do seu passado. Já cantarolou “Ô abre alas, que eu quero passar...” aonde a vaca vai, o boi vai atrás. Já ligou a tevê um dia e estavam lá quatro meninos cantando e dançando, mas ou menos assim: manequimmmm, seu sorriso é um colar de marfim. Vou te seguindo. Manequimmmm... garanto que você viu. Quanto ao caviar, você o viu fazendo parte do cenário de alguma novela das oito.
Quando João da Praia andava por Copacabana tocando seu violão de uma corda só e repetindo o refrão aonde a vaca vai, o boi vai atrás. Ele não foi capaz de calcular quantas pessoas um dia cantariam a sua composição. E o que dizer de Chiquinha Gonzaga? Uma autêntica moça de boa família, que dedicou sua vida à música de boa qualidade, apreciada pela “corte” e pelo povo. Ela sabia que sua música alegraria as pessoas nos bailes, mas não viveu o bastante para ver e ouvir os chatos e inconvenientes bêbados, cantando sua marchinha, deitados nas calçadas em plena quarta-feira de cinzas. Eis a saga do popular.
Em busca da fatia jovem do mercado do disco, as gravadoras entraram as pressas no laboratório e criaram dezenas de grupos, depois dividiram em quatro, quando muito em cinco e soltaram no mundo. Uma verdadeira febre contaminando nossos cadernos escolares, chicletes, brinquedos e corações, pois as meninas nos deixavam de lado e só tinham olhos para eles, o grupo Dominó. Visto como coisa do passado, hoje até que bate uma nostalgia. Foi bom ter participado daquele tempo. Nós éramos “pop” e não sabíamos.
João da Praia, Chiquinha Gonzaga e caviar, nós só conhecemos de nome. Hoje, talvez o caviar, para o povão, seja muito mais popular do que os dois artistas juntos. Mesmo sem nunca ter sido visto ou consumido, a palavra caviar está popularíssima. A honra vai para outro popularíssimo cantor, o Zeca Pagodinho. Só para lembrar, é bom ter em mente que o “bom” de hoje, será o popular de amanhã. Imagine a cena. Aquele socialite que desembolsa quinhentos dólares (nos dias de hoje, são pouquíssimos que podem fazer isso) por uma lata de caviar para receber os amigos do Country Clube e no dia seguinte, no caminho para mais um encontro de amigos, o Clóvis, seu motorista, pelo controle remoto, liga o rádio da BMW e o Zeca está lá, perguntando se ele sabe o que é caviar. Somente algo muito mais popular, para entrar em cena e reparar o constrangimento. O celular. Aliás, o telefone celular quando partiu para o segmento popular, sufocou as músicas clássicas, que antes predominavam nos “ringtones” e escancarou de vez, tocando de forró a carimbó. E pensar que, há quinze anos atrás ele era seleto, só funcionava nas mansões... resolveu ser popular e hoje está nos presídios e atua com ótimo sinal em todas as favelas. Ninguém pode deter quem tem vocação para ser popular. Que pena que o João da Praia não viveu para ter um celular e conferir sua obra prima tocando nos lugares mais insólitos.

Ser popularíssimo é isso. Partir de uma composição despretensiosa e tornar-se ícone de uma geração. É imortalizar-se na mente do povo através de um “hit”. É romancear o cotidiano numa canção que fale de amor, de saudade e de solidão. É falar simplesmente de uma coisa simples para pessoas simples com ouvidos comuns. É ter aparecido cantando nos programas do Chacrinha, Barros de Alencar, Bolinha, Sílvio Santos e Aérton Perlingeiro. É ter feito fotonovela nas revistas Amiga ou Sétimo Céu com estrelas de novelas. É ver sua obra sendo lembrado mesmo quando os programadores de rádios os esqueceram. É ser assunto constante nas rodas de amigos que se reúnem para falar do passado. É constar nos catálogos de obras raras dentre os discos de vinis. E finalmente, é ter seguido obedientemente na escola de Lupicínio Rodrigues e assim, fazer discípulos que sigam fielmente a mesma linha.

P.S.: Ser um cantor popular de verdade da música brasileira, é preciso ter a alcunha de brega ou cafona e ser ignorado pelos Dj’s de FM’s e nunca ser lembrado pelos críticos de MPB.

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